quinta-feira, 11 de outubro de 2012

"MAGNETISMO HUMANO E ESPIRITUAL"



O magnetismo produzido pelo fluido do homem é o magnetismo humano; aquele que provém do fluido dos Espíritos é o magnetismo espiritual. 

O fluido magnético tem, pois, duas fontes muito distintas: os Espíritos encarnados e os Espíritos desencarnados. Essa diferença de origem produz uma diferença muito grande na qualidade do fluido e em seus efeitos.

O fluido humano é sempre mais ou menos impregnado das impurezas físicas e morais do encarnado; o dos bons Espíritos é necessariamente mais puro e, por isto mesmo, tem propriedades mais ativas que levam a uma cura mais rápida. Mas, passando por intermédio do encarnado, pode-se alterar como uma água límpida passando por um vaso impuro, como todo remédio se altera se permanece em um vaso impróprio, e perde em parte suas propriedades benfazejas. Daí, para todo verdadeiro médium curador, a necessidade absoluta de trabalhar em sua depuração, quer dizer, em sua melhoria moral, segundo este princípio vulgar: limpai o vaso antes de vos servir dele, se quereis ter alguma coisa de bom. Só isto basta para mostrar que o primeiro que chega não poderia ser médium curador, na verdadeira acepção da palavra.

O fluido espiritual é tanto mais depurado e benfazejo quanto o Espírito que o fornece é, ele mesmo, mais puro e mais desligado da matéria. Concebe-se que o dos Espíritos inferiores deve se aproximar do homem e pode ter propriedades malfazejas, se o Espírito for impuro e animado de más intenções.

Pela mesma razão, as qualidades do fluido humano apresenta nuanças infinitas segundo as qualidades físicas e morais do indivíduo; é evidente que o fluido saindo de um corpo malsão pode inocular princípios mórbidos no magnetizado. As qualidades morais do magnetizador, quer dizer, a pureza de intenção e de sentimento, o desejo ardente e desinteressado de aliviar seu semelhante, unido à saúde do corpo, dão ao fluido um poder reparador que pode, em certos indivíduos se aproximar das qualidades do fluido espiritual.

Seria, pois, um erro considerar o magnetizador como uma simples máquina na transmissão fluídica. Nisto como em todas as coisas, o produto está em razão do instrumento e do agente produtor. Por estes motivos, haveria imprudência em se submeter à ação magnética do primeiro desconhecido; abstração feita dos conhecimentos práticos indispensáveis, o fluido do magnetizador é como o leite de uma nutriz: salutar ou insalubre.

O fluido humano sendo menos ativo, exige uma magnetização prolongada e um verdadeiro tratamento, às vezes, muito longo; o magnetizador, dispensando seu próprio fluido, se esgota e se fatiga, porque é de seu próprio elemento vital que ele dá; é porque deve, de tempos em tempos recuperar suas forças. O fluido espiritual, mais poderoso em razão de sua pureza, produz efeitos mais rápidos e, frequentemente, quase instantâneos. Esse fluido não sendo o do magnetizador, disto resulta que a fadiga é quase nula.

Fonte: Revista Espírita – Allan Kardec
Ano 8 - Setembro de 1865 - Nº. 9

terça-feira, 9 de outubro de 2012

MEDIUNIDADE - Consequências so NÃO uso!

Mensagem Maria Modesto Cravo - Psicografia de Robson Pinheiro


Meus irmãos, companheiros de Espiritismo, Deus abençoe nossos corações e nossas tarefas.
O movimento espírita é a representação do esforço do Plano Maior para a unificação do nosso povo ante os ideais inspirados pelo Alto. No entanto, percebemos que, nesse esforço de unificar o pensamento em torno de Allan Kardec, muitos irmãos nossos traduzem união por fusão de idéias.
É preciso compreender que Allan Kardec não deixou regras para se fazerem Espiritismo, reuniões mediúnicas ou se realizarem passes. O mestre Hippolyte Léon, dentro de suas observações lúcidas, estabeleceu as bases, os pilares irremovíveis: Deus, imortalidade da alma, reencarnação, mediunidade.
Na prática, houve orientações, com um respeito pela diversidade de cada povo, pela forma de cada centro, sem que as pessoas tenham de se fundir diante de uma cartilha.
O Espiritismo é liberdade, responsabilidade e trabalho incessante, com a compreensão das diferenças.
A união deve ser a base da unificação, sem nenhuma pretensão de superioridade para com aqueles que escolhem um caminho diferente dos nossos. Espiritismo é inclusão, sem nenhuma atitude excludente por parte dos que se julgam no caminho unificado.
É preciso, antes de tudo, cativar as pessoas, tornar-nos e torná-las amigos, a fim de, mais tarde, ganharmos um irmão ou um parceiro nos ideais.
Não há movimentos oficiais ou movimentos paralelos. O que existe é o grande movimento de fraternidade do qual todos fazem parte, conservando cada um a sua liberdade de interpretação e atitudes e a pluralidade que tem como base a fidelidade ao pensamento de Allan Kardec.
Em momento algum Kardec estabeleceu o conceito de pureza doutrinária. Ele falou e escreveu a respeito da fidelidade doutrinária.
O estabelecimento de uma pretensa “pureza” já determina a exclusão daqueles que pensam e interpretam a verdade de forma diferente. A exclusão já está implícita nesse conceito, já que são os homens que determinam o que é “puro” ou não.
É preciso compreender: nós, os seguidores do pensamento espírita, devemos primar pela união do pensamento em torno da doutrina, e não em torno da interpretação doutrinária. União não é fusão.
Podemos ser e estar unidos sem que estabeleçamos regras de conduta para o outro seguir. Também não precisamos excluir aqueles que não pensam como nós. O projeto do Alto é conseguir a unificação, e não a padronização.
Unir sem perder as características.
Unir conservando o direito de pensar diferente.
Unir sem perder a individualidade.
Unir, respeitando a pluralidade.
Unir sem nos transformarmos em máquinas humanas.
A união pressupõe respeito ao outro, sem que ele, o indivíduo ou o centro, seja marginalizado.
O pensamento de oficializar o conceito de “pureza” é o mesmo que no passado gerou o regime de Hitler, as fogueiras da Inquisição ou as diversas perseguições ao longo da história. Essa forma de pensar foi a responsável pelo estabelecimento do Index Proibitorium — ou a relação de livros “proibidos” pela Igreja porque o seu conteúdo não respeitava as “normas” preestabelecidas por aqueles que se consideravam puros.
O trabalho de unificar é algo que transcende a forma; a interpretação é aprofundada até as entranhas da alma do centro espírita e do indivíduo.
Unificar é algo mais interior do que interpretativo, sem as proibições e sem os preconceitos tão característicos dos movimentos humanos.
É preciso urgentemente compreender a forma de o Codificador pensar, a fim de que não extrapolemos em nossas observações e exigências. Observamos que Allan Kardec muitas vezes discordava de seus opositores no campo das idéias, respeitando e amando profundamente a pessoa.
Por outro lado, vemos com lamento que em nosso movimento, quando alguém expõe algum pensamento diferente, inovador ou que vá de encontro com o que dizemos ser a verdade, a pessoa é excluída e o combate se faz, não às idéias, mas ao indivíduo, que passa a sofrer a perseguição como se ele fosse um inimigo público da pretensa “pureza doutrinária”, simplesmente porque resolveu pensar por si próprio, de forma diferente.
Precisamos rever urgentemente a nossa forma de agir e de comportar em relação àqueles que não comungam com os mesmos ideais.
Aprendamos com Jesus, com Allan Kardec, a respeitar as diferenças, a pluralidade de pensamento e o direito de se pensar e agir por si mesmo, fora das regras estabelecidas pela ignorância e prepotência humana.
Maria Modesto Cravo,
Psicografia de Robson Pinheiro

NO DIA DE ALLAN KARDEC – 3 DE OUTUBRO –, CHICO XAVIER É ELEITO O BRASILEIRO MAIS IMPORTANTE DE TODOS OS TEMPOS

Por: Carlos A. Baccelli
  
Na noite do dia do nascimento de Allan Kardec, 3 de outubro, Chico Xavier, em referendo promovido pelo SBT – Sistema Brasileiro de Televisão –, com 71,4% dos votos, é eleito o “brasileiro mais importante de todos os tempos”! 
Parece, sem dúvida, que o Mundo Espiritual, fora do âmbito do Movimento Espírita, preparou esta mensagem para todos os brasileiros, mas, principalmente, para os adeptos do Espiritismo. 
Veja quem tenha olhos de ver e ouça quem tenha ouvidos de ouvir! 
Concorrendo com dois finalistas, dos considerados 100 maiores brasileiros da história, Chico, através de escrutínio popular, venceu a Princesa Isabel, que assinou a “Lei Áurea”, e a Santos Dumont, denominado o “pai da aviação”. Nas semanas anteriores, em confronto direto, ele já havia superado a Irmã Dulce, grande missionária da Bahia, e a Ayrton Senna, um dos maiores desportistas do Brasil e do mundo. 
Sabemos que tal homenagem pouco interessa a Chico, mas, afinal, não é disto que se trata. Chico Xavier, pela sua vida extraordinária, deixou de ser ele mesmo, para ser um dos maiores símbolos da Fé de todos os tempos – e a verdade é que a Humanidade nunca esteve tão carente de Fé quanto agora! 
A vitória de Chico, tampouco, representa a vitória do Espiritismo. Não, longe disto. A sua vitória foi a vitória da crença na Imortalidade, da Bondade, da Honestidade, e, sobretudo, do amor a Jesus Cristo – foi a vitória do Evangelho!... 
Tem razão um confrade espanhol de Palma de Maiorca, na Espanha, Pedro Vaquer, quando, no V ENCONTRO NACIONAL DOS AMIGOS DE CHICO XAVIER E SUA OBRA, realizado em Votuporanga, Estado de São Paulo, considerou, em sua fala brilhante, que Francisco Cândido Xavier bem poderia se chamar “Caridade”! 
Notemos que, desde a sua desencarnação, ocorrida em 2002, o Mundo Espiritual vem trabalhando em torno do que o nome de Chico passou a representar neste país, fadado a ser “Coração do Mundo” e “Pátria do Evangelho”. Isto é profundamente sintomático, e tomara que todos nós, adeptos da Terceira Revelação, compreendamos este recado do Alto, que deixou de ser implícito para ser o mais explícito possível. 
As Obras Mediúnicas da lavra de Chico Xavier devem ser incorporadas à Codificação, porque, sem elas, o Espiritismo, de fato, não possui a mesma amplitude doutrinária, que, a partir delas, adquiriu. 
Mas, sobretudo, que não nos esqueçamos do que pode a vivência do Evangelho, qual Chico o demonstrou ao longo de toda a sua laboriosa existência de 92 janeiros, estabelecendo profundos laços espirituais com toda uma Nação, que hoje o reverencia como a maior luz que nela já resplandeceu. 

Uberaba – MG, 4 de outubro de 2012.

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

LIVRO PSICOGRAFADO DE DOM HELDER CÂMARA, É RECONHECIDO PELA IGREJA CATÓLICA.

Recentemente foi lançado no mercado cultural um livro mediúnico trazendo as reflexões de um padre depois da morte, atribuído, justamente, ao Espírito Dom Helder Câmara, bispo católico, arcebispo emérito de Olinda e Recife, desencarnado no dia 28 de agosto de 1999, em Recife (PE).
O livro psicografado pelo médium Carlos Pereira, da Sociedade Espírita Ermance Dufaux, de Belo Horizonte, causou muita surpresa no meio espírita e grande polêmica entre os católicos. O que causou mais espanto entre todos foi a participação de Marcelo Barros, monge beneditino e teólogo, que durante nove anos foi secretário de Dom Helder Câmara, para a relação ecumênica com as igrejas cristãs e as outras religiões.
Marcelo Barros secretariou Dom Helder Câmara no período de 1966 a 1975 e tem 30 livros publicados. Ao prefaciar o livro Novas Utopias , do espírito Dom Helder, reconhecendo a autenticidade do comunicante, pela originalidade de suas idéias e, também, pela linguagem, é como se a Igreja Católica viesse a público reconhecer o erro no qual incorreu muitas vezes, ao negar a veracidade do fenômeno da comunicação entre vivos e mortos, e desse ao livro de Carlos Pereira, toda a fé necessária como o Imprimátur do Vaticano.
É importante destacar, ainda, que os direitos autorais do livro foram divididos em partes iguais, na doação feita pelo médium, à Sociedade Espírita Ermance Dufaux e ao Instituto Dom Helder Câmara, de Recife, o que, aliás, foi aceito pela instituição católica, sem qualquer constrangimento.
No prefácio do livro aparece também o aval do filósofo e teólogo Inácio Strieder e a opinião favorável da historiadora e pesquisadora Jordana Gonçalves Leão, ambos ligados à Igreja Católica. Conforme eles mesmos disseram, essa obra talvez não seja uma produção direcionada aos espíritas, que já convivem com o fenômeno da comunicação, desde a codificação do Espiritismo; mas, para uma grandiosa parcela da população dentro da militância católica, que é chamada a conhecer a verdade espiritual, porque tempos são chegados, estes ensinamentos pertencem à natureza e, conseqüentemente, a todos os filhos de Deus.
A verdade espiritual não é propriedade dos espíritas ou de outros que professam estes ensinamentos e, talvez, porque, tenha chegado o momento da Igreja Católica admitir, publicamente, a existência espiritual, a vida depois da morte e a comunicação entre os dois mundos.
Na entrevista com Dom Helder Câmara, realizada pelos editores, o Espírito comunicante respondeu as seguintes perguntas sobre a vida espiritual:

Dom Helder, mesmo na vida espiritual, o senhor se sente um padre?
Não poderia deixar de me sentir padre, porque minha alma, mesmo antes de voltar, já se sentia padre. Ao deixar a existência no corpo físico, continuo como padre porque penso e ajo como padre. Minha convicção à Igreja Católica permanece a mesma, ampliada, é claro, com os ensinamentos que aqui recebo, mas continuo firme junto aos meus irmãos de Clero a contribuir, naquilo que me seja possível, para o bem da humanidade.

Do outro lado da vida o senhor tem alguma facilidade a mais para realizar seu trabalho e exprimir seu pensamento, ou ainda encontra muitas barreiras com o preconceito religioso?
Encontramos muitas barreiras. As pessoas que estão do lado de cá reproduzem o que existe na Terra. Os mesmos agrupamentos que se formam aqui se reproduzem na Terra. Nós temos as mesmas dificuldades de relacionamento, porque os pensamentos continuam firmados, cristalizados em crenças em determinados pontos que não levam a nada. Resistem a ideia de evolução dos conceitos. Mas, a grande diferença é que por estarmos com a vestimenta do espírito, tendo uma consciência mais ampliada das coisas podemos dirigir os nossos pensamentos de outra maneira e assim influenciar aqueles que estão na Terra e que vibram na mesma sintonia.

Como o senhor está auxiliando nossa sociedade na condição de desencarnado?
Do mesmo jeito. Nós temos as mesmas preocupações com aqueles que passam fome, que estão nos hospitais, que são injustiçados pelo sistema que subtrai liberdades, enriquece a poucos e colocam na pobreza e na miséria muitos; todos aqueles desvalidos pela sorte. Nós juntamos a todos que pensam semelhantemente a nós, em tarefas enobrecedoras, tentando colaborar para o melhoramento da humanidade.

Como é sua rotina de trabalho?
A minha rotina de trabalho é, mais ou menos, a mesma.. Levanto-me, porque aqui também se descansa um pouco, e vamos desenvolver atividades para as quais nos colocamos à disposição. Há grupos que trabalham e que são organizados para o meio católico, para aqueles que precisam de alguma colaboração. Dividimo-nos em grupos e me enquadro em algumas atividades que faço com muito prazer.

Qual foi a sua maior tristeza depois de desencarnado? E qual foi a sua maior alegria?
Eu já tinha a convicção de que estaria no seio do Senhor e que não deixaria de existir. Poder reencontrar os amigos, os parentes, aqueles aos quais devotamos o máximo de nosso apreço e consideração e continuar a trabalhar, é uma grande alegria. A alegria do trabalho para o Nosso Senhor Jesus Cristo.

O senhor, depois de desencarnado, tem estado com freqüência nos Centros Espíritas?
Não. Os lugares mais comuns que visito no plano físico são os hospitais; as casas de saúde; são lugares onde o sofrimento humano se faz presente. Naturalmente vou à igreja, a conventos, a seminários, reencontro com amigos, principalmente em sonhos, mas minha permanência mais freqüente não é na casa espírita.

O senhor já era reencarnacionista antes de morrer?
Nunca fui reencarnacionista, diga-se de passagem. Não tenho sobre este ponto um trabalho mais desenvolvido porque esse é um assunto delicado, tanto é que o pontuei bem pouco no livro. O que posso dizer é que Deus age conforme a sua sabedoria sobre as nossas vidas e que o nosso grande objetivo é buscarmos a felicidade mediante a prática do amor. Se for preciso voltar a ter novas experiências, isso será um processo natural.

Qual é o seu objetivo em escrever mediunicamente?
Mudar, ou pelo menos contribuir para mudar, a visão que as pessoas têm da vida, para que elas percebam que continuamos a existir e que essa nova visão possa mudar profundamente a nossa maneira de viver.

Qual foi a sensação com a experiência da escrita mediúnica?
Minha tentativa de adaptação a essa nova forma de escrever foi muito interessante, porque, de início, não sabia exatamente como me adaptar ao médium para poder escrever. É necessário que haja uma aproximação muito grande entre o pensamento que nós temos com o pensamento do médium. É esse o grande de todos nós porque o médium precisa expressar aquilo que estamos intuindo a ele. No início foi difícil, mas aos poucos começamos a criar uma mesma forma de expressão e de pensamento, aí as coisas melhoraram. Outros (médiuns) pelos quais tento me comunicar enfrentam problemas semelhantes.

Foi uma surpresa saber que poderia se comunicar pela escrita mediúnica?
Não. Porque eu já sabia que muitas pessoas portadoras da mediunidade faziam isso. Eu apenas não me especializei, não procurei mais detalhes, deixei isso para depois, quando houvesse tempo e oportunidade.

Imaginamos que haja outros padres que também queiram escrever mediunicamente, relatarem suas impressões da vida espiritual. Por que Dom Helder é quem está escrevendo?
Porque eu pedi. Via-me com a necessidade de expressar aos meus irmãos da Terra que a vida continua e que não paramos simplesmente quando nos colocam dentro de um caixão e nos dizem. Eu já pensava que continuaria a existir, sabia que haveria algo depois da vida física. Falei isso muitas vezes.
Então, senti a necessidade de me expressar por um médium quando estivesse em condições e me fossem dadas as possibilidades. É isto que eu estou fazendo.

Outros padres, então, querem escrever mediunicamente em nosso País?
Sim. E não poucos. São muitos aqueles que querem usar a pena mediúnica para poder expressar a sobrevivência após a vida física. Não o fazem por puro preconceito de serem ridicularizados, de não serem aceitos, e resguardam as suas sensibilidades espirituais para não serem colocados numa situação de desconforto. Muitos padres, cardeais até, sentem a proteção espiritual nas suas reflexões, nas suas prédicas, que acreditam ser o Espírito Santo, que na verdade são os irmãos que têm com eles algum tipo de apreço e colaboram nas suas atividades.

Como o senhor se sentiu em interação com o médium Carlos Pereira?
Muito à vontade, pois havia afinidade, e porque ele se colocou à disposição para o trabalho.
No princípio foi difícil juntar-me a ele por conta de seus interesses e de seu trabalho. Quando acertamos a forma de atuar, foi muito fácil, até porque, num outro momento, ele começou a pesquisar sobre a minha última vida física. Então ficou mais fácil transmitir-lhe as informações que fizeram o livro.

O senhor acredita que a Igreja Católica irá aceitar suas palavras pela mediunidade?
Não tenho esta pretensão. Sabemos que tudo vai evoluir e que um dia, inevitavelmente, todos aceitarão a imortalidade com naturalidade, mas é demais imaginar que um livro possa revolucionar o pensamento da nossa Igreja. Acho que teremos críticas, veementes até, mas outros mais sensíveis admitirão as comunicações. Este é o nosso propósito.

É verdade que o senhor já tinha alguns pensamentos espíritas quando na vida física?
Eu não diria espírita; diria espiritualista, pois a nossa Igreja, por si só, já prega a sobrevivência após a morte. Logo, fazermos contato com o plano físico depois da morte seria uma conseqüência natural. Pensamentos espíritas não eram, porque não sou espírita. Sem nenhum tipo de constrangimento em ter negado alguns pensamentos espíritas, digo que cheguei a ter, de vez em quando, experiências íntimas espirituais.

Igreja - Há as mesmas hierarquias no mundo espiritual?
Não exatamente, mas nós reconhecemos os nossos irmãos que tiveram responsabilidades maiores e que notoriamente tem um grau evolutivo moral muito grande. Seres do lado de cá se reconhecem rapidamente pela sua hombridade, pela sua lucidez, pela sua moralidade. Não quero dizer que na Terra isto não ocorra, mas do lado de cá da vida isto é tudo mais transparente; nós captamos a realidade com mais intensidade. Autoridade aqui não se faz somente com um cargo transitório que se teve na vida terrena, mas, sobretudo, pelo avanço moral.

Qual seu pensamento sobre o papado na atualidade?
Muito controverso esse assunto. Estar na cadeira de Pedro, representando o pensamento maior de Nosso Senhor Jesus Cristo, é uma responsabilidade enorme para qualquer ser humano. Então fica muito fácil, para nós que estamos de fora, atribuirmos para quem está ali sentado, algum tipo de consideração. Não é fácil. Quem está ali tem inúmeras responsabilidades, não apenas materiais, mas descobri que as espirituais ainda em maior grau.
Eu posso ter uma visão ideológica de como poderia ser a organização da Igreja; defendi isso durante minha vida. Mas tenho que admitir, embora acredite nesta visão ideal da Santa Igreja, que as transformações pelas quais devemos passar merecem cuidado, porque não podemos dar sobressaltos na evolução. Queira Deus que o atual Papa Ratzinger (Bento XVI) possa ter a lucidez necessária para poder conduzir a Igreja ao destino que ela merece.

O senhor teria alguma sugestão a fazer para que a Igreja cumpra seu papel?
Não preciso dizer mais nada. O que disse em vida física, reforço. Quero apenas dizer que quando estamos do lado de cá da vida, possuímos uma visão mais ampliada das coisas.
Determinados posicionamentos que tomamos, podem não estar em seu melhor momento de implantação, principalmente por uma conjuntura de fatores que daqui percebemos. Isto não quer dizer que não devamos ter como referência os nossos principais ideais e, sempre que possível, colocá-los em prática.

Espíritas no futuro?
Não tenho a menor dúvida. Não pertencem estes ensinamentos a nossa Igreja, ou de outros que professam estes ensinamentos espirituais. Portanto, mais cedo ou mais tarde, a nossa Igreja terá que admitir a existência espiritual, a vida depois da morte, a comunicação entre os dois mundos e todos os outros princípios que naturalmente decorrem da vida espiritual.

Quais são os nomes mais conhecidos da Igreja que estão cooperando com o progresso do Brasil no mundo espiritual?
Enumerá-los seria uma injustiça, pois há base em todas as localidades. Então, dizer um nome ou outro seria uma referência pontual porque há muitos, que são poucos conhecidos, mas que desenvolvem do lado de cá da vida um trabalho fenomenal e nós nos engajamos nestas iniciativas de amor ao próximo.

Amor - Que mensagem o senhor daria especificamente aos católicos agora, depois da morte?
Que amem, amem muito, porque somente através do amor vai ser possível trazer um pouco mais de tranqüilidade à alma. Se nós não tentarmos amar do fundo dos nossos corações, tudo se transformará numa angústia profunda. O amor, conforme nos ensinou o Nosso Senhor Jesus Cristo, é a grande mola salvadora da humanidade.

Que mensagem o senhor deixaria para nós, espíritas?
Que amem também, porque não há divisão entre espíritas e católicos ou qualquer outra crença no seio do Senhor. Não há. Essa divisão é feita por nós, não pelo Criador. São aceitáveis porque demonstram diferenças de pontos de vista, no entanto, a convergência é única, aqui simbolizada pela prática do amor, pois devemos unir os nossos esforços.

Que mensagem o senhor deixaria para os religiosos de uma maneira geral?
Que amem. Não há outra mensagem senão a mensagem do amor. Ela é a única e principal mensagem que se pode deixar!

Livro: Novas Utopias
Autor: Dom Helder Câmara (espírito)
Médium: Carlos Pereira
Editora: Dufaux
Site: www.editoradufaux.com.br

O Novo Espiritismo - Reportagem revista Época

 

 
A religião assume uma face moderna e cresce entre os jovens de classe média. Maior país espírita do mundo, o Brasil já exporta a Doutrina para os Estados Unidos
 
Por: Martha Mendonça